Não copie @ coleguinha

A política brasileira sempre seguiu um padrão repetitivo. Candidatos se apegam a fórmulas antigas, como se o que funcionou uma vez pudesse garantir sucesso eterno. No entanto, o cenário atual, impulsionado pelas redes sociais, apenas intensificou essa repetição. A criatividade, que deveria ser a base de uma boa campanha, foi substituída por uma imitação sem propósito. E, pior ainda, a cópia de práticas sem resultados.

Temos um fenômeno claro: o “não copie @ coleguinha”, que tem dominado as campanhas. Um candidato vê o outro postar uma foto de um jeito, ele faz igual. O colega cria um card qualquer, e lá vai outro replicar o mesmo estilo. Alguém usa um arroba diferenciado e, de repente, todos estão utilizando o mesmo recurso. O problema? A imitação só perpetua a falta de autenticidade e, principalmente, a ausência de resultados efetivos.

As redes sociais, que deveriam ser ferramentas de inovação e proximidade com o eleitor, se tornaram apenas um palco para a repetição de fórmulas gastas. Candidatos e equipes de comunicação não exploram o potencial criativo das plataformas. O Instagram e o Facebook, por exemplo, são utilizados de forma superficial, como se bastasse estar presente para garantir engajamento. Na verdade, a maioria está brigando com o algoritmo, tentando forçar resultados que não podem ser alcançados com essa abordagem genérica e preguiçosa.

O erro começa antes mesmo da campanha. Comunicação digital de sucesso é fruto de preparação. Não adianta decidir “fazer campanha” dois ou três meses antes da eleição. O caminho para uma campanha inteligente e estratégica começa um ano antes, com planejamento, análise de dados e uma narrativa bem estruturada. Quem chega na última hora, além de seguir @ coleguinha, inevitavelmente faz uma campanha fraca, mal executada e despolitizada, mesmo que tenha conhecimento político.

É nesse contexto que surge a burrice compartilhada. Candidatos, em vez de pensar fora da caixa e criar conteúdo relevante, ficam presos na zona de conforto, fazendo o que todo mundo faz. Isso gera uma massa de campanhas iguais, sem personalidade, que só confundem o eleitor e enfraquecem o debate público. A internet, que deveria ser uma revolução na forma de se comunicar, acaba sendo mais uma vitrine de mediocridade.

Claro que existem exceções. Candidatos como Pablo Marçal, que entenderam o poder do marketing digital, do uso de algoritmos e da neurociência, conseguiram sacudir o cenário. Ele trouxe uma abordagem diferenciada, quebrando a lógica da imitação. Mas ainda assim, a maioria continua presa ao modelo televisivo, sem sequer explorar o verdadeiro potencial das plataformas digitais.

A verdade é que as equipes de comunicação estão sendo pressionadas por resultados que seus clientes não conseguem alcançar. Não é por falta de esforço, mas porque os candidatos insistem em seguir os mesmos caminhos, esperando resultados diferentes. É uma equação que simplesmente não fecha.

Por isso, o recado é claro: não copie @ coleguinha. Inove, crie, pense fora do padrão. Quem continuar fazendo as mesmas coisas de sempre, vai alcançar os mesmos resultados – medíocres. A política precisa urgentemente de mais autenticidade, mais criatividade e menos imitação.

Afinal, o sucesso de uma campanha não se constrói na última hora e, definitivamente, não se alcança copiando o que todo mundo já fez.

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