Janquiel Zeni Papini
Segundo pesquisa Quaest, só 3% das postagens sobre fraudes no INSS foram favoráveis ao governo Lula. Isso é mais do que um simples número. É um reflexo direto de um problema de comunicação que o governo enfrenta nas redes sociais — um problema que, se não for corrigido, pode afetar a percepção pública e enfraquecer medidas que, em sua essência, buscam proteger os mais vulneráveis.
A pergunta é: por que o governo está sendo visto de maneira tão negativa, mesmo quando está tomando ações certas? Como ele pode corrigir essa narrativa e reconquistar a confiança da população?

A Falha na Comunicação: O Erro de Focar Apenas nos Dados
O governo Lula acertou ao combater as fraudes no INSS — uma medida necessária para economizar recursos públicos e proteger quem realmente precisa. Mas esse esforço não se traduziu bem nas redes sociais.
O grande erro não foi a ação, mas a comunicação dessa ação. Quando o governo se concentra apenas em números e dados técnicos, sem humanizar a narrativa, ele perde a chance de tocar as pessoas. O público não se importa apenas com o que foi feito, mas com como isso afeta a vida delas. E isso precisa ser explicado de uma maneira que se conecte com o coração das pessoas, não só com a razão.
No mundo digital, onde a velocidade da informação é vertiginosa, o governo não pode se dar ao luxo de ser burocrático. Ele precisa ser compreensível, direto e emocionalmente envolvente.
O Que Está Por Trás Dessa Percepção Negativa?
Enquanto o governo está focado em resultados técnicos e eficiência, a oposição tem feito o trabalho dela nas redes sociais, se aproveitando de qualquer brecha para construir uma narrativa de fracasso e desconfiança. E a verdade é que, quando o governo falha em comunicar, ele deixa espaço para que os outros construam a história no lugar dele.
A questão central é: o governo está se comunicando de forma que a população entenda e aceite as ações? Está humanizando as medidas para que as pessoas possam se ver dentro dessa história?
O governo precisa entender que, em tempos de redes sociais, a política não é só sobre o que é feito, mas sobre como se conta o que é feito.
O Caso do INSS: Uma Lição de Comunicação Política
O caso do INSS é uma lição sobre a importância da narrativa pública. Governar bem, hoje, não significa apenas tomar as decisões corretas. Significa também ser capaz de contar a história certa, no momento certo, de maneira simples e envolvente.
É claro que as medidas contra fraudes no INSS são necessárias, mas a comunicação precisa ser feita de forma que ressoe com as pessoas. Quando o governo comunica suas ações como se estivesse falando para um público técnico, ele perde a chance de gerar empatia e, com isso, perde também apoio.
Como Resolver Esse Erro de Comunicação?
- Humanizar a Comunicação
O governo precisa mostrar as histórias reais por trás das políticas. Cada ação precisa ter um rosto e uma narrativa que conecte com o público. - Investir em Porta-Vozes Populares
É fundamental que o governo utilize figuras públicas que realmente conectem com as diversas camadas da sociedade para espalhar suas mensagens de forma mais autêntica. - Adotar uma Linguagem de Rede
Em vez de enviar boletins técnicos, é preciso pensar em vídeos curtos, memes educativos e infográficos fáceis de entender. Isso ajuda a espalhar a mensagem de forma mais eficaz. - Reforçar a Transparência e o Diálogo
Criar espaços de diálogo, como lives ou interações nas redes sociais, onde as pessoas possam entender os motivos das decisões e tirar dúvidas. Isso mostra compromisso com a população. - Respostas Ágeis
O governo precisa ser rápido na resposta a crises e críticas. Não adianta esperar dias para uma comunicação institucional, quando o público já está consumindo e reagindo a conteúdos de outras fontes.
O governo Lula acertou nas ações, mas errou na comunicação. E esse erro é tão grave quanto uma política pública mal implementada. As redes sociais têm o poder de transformar ações corretas em narrativas distorcidas se não forem bem geridas.
Essa falha de comunicação não é irreparável. A chave está em humanizar a política, tornar as ações compreensíveis e envolventes, e, principalmente, ser ágil na resposta. Caso contrário, o governo continuará acertando na política, mas errando na rede — e pagando o preço por isso.