Janquiel Zeni Papini

Hoje, como pedagogo, educador e alguém profundamente envolvido com os rumos da tecnologia e da política pública, faço questão de compartilhar uma reflexão necessária sobre o tempo que vivemos.

Estamos diante de um paradoxo histórico: enquanto a humanidade avança de forma impressionante no campo da tecnologia e da inteligência artificial, também assiste a retrocessos dolorosos em direitos, empatia e pensamento crítico.

A pedagogia, mais do que nunca, precisa se posicionar. Não apenas como ciência da educação, mas como prática ética que prepara seres humanos para pensar, sentir, dialogar e transformar o mundo.

É neste contexto que defendo a conexão indissociável entre educação e comunicação, o que chamamos de educomunicação — uma perspectiva que entende que o digital não deve apenas nos moldar, mas também pode e deve ser moldado por nós.

Essa é a missão do IRIA (Instituto Brasileiro de Regulamentação da Inteligência Artificial) e, agora, também do IGRIA – Instituto Gaúcho pela Regulamentação da IA, que começamos a articular no Rio Grande do Sul.

E é justamente no campo da educação que reside um dos maiores riscos: o de delegarmos às máquinas a tarefa de formar consciências, de mediar o saber, de guiar trajetórias humanas.

Não podemos permitir que o algoritmo substitua o pensamento.
Não podemos aceitar que o automatismo silencie o afeto, o debate, a dúvida — que são o próprio coração da pedagogia.

Por isso, neste 20 de maio, celebro a pedagogia como ato de resistência, coragem e reinvenção.
Que sejamos capazes de educar para além da técnica, para além da lógica fria do lucro e da produtividade.
Que eduquemos para a inteligência sensível, crítica e transformadora.

E que a regulação da inteligência artificial seja também uma pauta das e dos educadores. Porque formar pessoas livres depende de tecnologias que respeitem essa liberdade.

✊🏽 Feliz Dia das Pedagogas e dos Pedagogos.
Seguimos ensinando. Seguimos aprendendo!